23 de fev. de 2010

20. KUAN - CONTEMPLAÇÃO (A VISTA)

Acima: SUN, A SUAVIDADE, VENTO. Abaixo: K´UN, O RECEPTIVO, TERRA.
Uma pequena variação de acento dá ao nome chinês desse hexagrama um duplo significado. Por um lado representa a contemplação, por outro o fato de ser contemplado, de ser um exemplo, um modelo. Essas idéias são sugeridas pelo fato de o hexagrama poder ser relacionado com a forma de um tipo de torre , muito freqüente na China antiga. Do alto dessas torres tinha-se uma ampla visão dos arredores e, por outro lado, quando situada no cume de uma montanha, a torre era vista de longe. Assim, o hexagrama mostra um dirigente que contempla, ao alto, a lei dos céus, e em baixo, os costumes do povo. Graças a seu bom governo, ele se torna um elevado exemplo e modelo para o povo. Este hexagrama está relacionado com o oitavo mês (setembro-outubro) 26. A força luminosa se retira e a escuridão está novamente em ascensão. Entretanto, esse aspecto não é relevante para a interpretação do hexagrama como um todo.
Julgamento: CONTEMPLAÇÃO. A ablução já foi realizada, mas ainda não a oferenda. Confiantes, eles erguem o olhar para ele. O ritual de sacrifício na China começava com uma ablução e uma libação, com que se invocava a divindade. Em seguida se oferecia o sacrifício. O lapso de tempo entre as duas cerimônias é o mais sagrado, o momento de suprema concentração interior. Quando a devoção é sincera, inspirada por uma fé verdadeira, sua contemplação tem um efeito transformador e inspira respeito naqueles que a presenciam. Na natureza também se observa um rigor sagrado e grave que se manifesta na regularidade com que se desenrolam todos os fenômenos. A contemplação do sentido divino subjacente à ocorrência de todos os fenômenos no universo dá, ao homem destinado a liderar os outros, meios para realizar efeitos semelhantes. Para isso é necessário a concentração interior que a contemplação religiosa desenvolve nos grandes homens, dotados de uma fé poderosa. Permite-lhes apreender as misteriosas e divinas leis da vida e, através da mais profunda concentração, chegarem a expressar essas leis em suas próprias pessoas. De sua contemplação emana um poder espiritual oculto que influência e domina os homens, sem que eles estejam conscientes de como isso ocorre.
Imagem: O vento sopra sobre a terra. A imagem da CONTEMPLAÇÃO.Assim os reis da antigüidade visitavam as regiões do mundo, contemplavam o povo e o instruíam. Quando o vento sopra sobre a terra, alcança todos os recantos e a grama inclina-se ante seu poder. Esses dois fatos encontram confirmação nesse hexagrama. As duas imagens simbolizam a forma de agir dos reis da antigüidade. Por um lado, graças a viagens regulares, eles observavam atentamente a vida de seu povo e nenhum costume em vigor lhes passava desapercebido. Com isso, exerciam, por outro lado, a influência necessária para mudar os hábitos inconvenientes. Tudo isso indica o poder de uma personalidade superior. Um tal homem será capaz de perceber os verdadeiros sentimentos da grande massa da humanidade e por isso não poderá ser enganado. Por outro lado, ele exercerá sua influência através da mera presença, e o impacto de sua personalidade fará com que todos sejam por ele orientados, assim como a grama pelo vento.
Seis na terceira posição significa: A contemplação de minha vida decide entre progresso ou retrocesso. Este é o ponto de transição. Aqui o homem já não olha mais para fora, para receber imagens limitadas e confusas, porém dirige a contemplação a si mesmo em busca de orientação para suas decisões. Essa introspeção representa a superação do egoísmo ingênuo daquele que vê a tudo de seu próprio ponto de vista. Ele começa a refletir e com isso se torna objetivo. Porém, o autoconhecimento não consiste em alguém se ocupar dos seus próprios pensamentos; é, isto sim, voltar-se para as conseqüências do que criou. É somente através dos efeitos resultantes de sua vida que uma pessoa pode julgar se o que realizou significa progresso ou retrocesso.

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